A maioria das pessoas cria expectativas de mudanças radicais em suas vidas, mas, nem sempre conseguem se determinar plenamente para conseguir superar suas próprias crenças negativas de auto depreciação.
Muitos fracassam em seus sonhos por não se percebem capazes de estabelecer um contato satisfatório com o sofrimento. Sempre digo aos meus pacientes que, na maioria dos casos, crescer está relacionado ao sofrimento e a humilhação.
Sei que estas palavras não são as mais esperadas por pessoas que procuram se conhecer, entretanto, nada é mais real. O ego vigente resiste às transformações positivas porque, aos olhos dele, mudar significa perder, significa fracassar.
A grande maioria das pessoas investe muito em auto-conhecimento e não atingem êxito por, justamente, possuírem egos muito resistentes à mudança. Como disse, mudar é deixar de ser o que é agora. Muitos egos entendem isto com um paradoxo: “Tenho que me gostar o suficiente para querer não ser mais existente e estruturador das situações”.
Por isso a expressão “São muitos os chamados, mas poucos os escolhidos” é legítima. O desconforto oferecido pela “mudança de pele” deve ser tolerado e, infelizmente, nada pode assegurar que o novo será melhor que o ego existente.
Um exemplo clássico do que digo é o da mulher de 35 a 45 anos que deseja sair do casamento e “retomar sua vida”. Já vi muitas que, de início, desfrutarem de novas relações sociais e amorosas mas depois de algum tempo, devido a um ou outro obstáculo, foram se sentindo depressivas, perdedoras e com o desejo de retornar a “velha vidinha”.
Pense bem antes de alçar vôo. Não se lance se não estiver plenamente convicta de sua capacidade para sentir o “vento contra” dos que não querem a sua mudança e da “gravidade” de muitos que vão pesar e forçar a sua queda. Seja cautelosa pois, ao longo de dezoito anos como psicoterapeuta, vi em muitas mulheres que o retorno ao ninho (o casamento) se tornou uma prisão e nunca mais será sentido como protetor e aconchegante.
- MARCELO BONACHELA