Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela

domingo, 29 de novembro de 2009

A gente não quer só dinheiro





O homem possui uma natureza competitiva. Praticamente todo homem gosta de medir força, habilidade esportiva, habilidade intelectual, tamanho do pênis... Estas competições, aparentemente saudáveis, causam grande frustração em boa parte dos competidores. Como numa maratona, milhares irão percorrer os mais de quarenta e dois quilômetros, porém, apenas um será o vencedor e mais dois ou quatro subiram ao pódio com o campeão.

No mundo competitivo moderno, o dinheiro, a boa condição econômica, o destaque, o poder e a admiração dos familiares e amigos são o pódio para poucos. Os demais se sentirão humilhados, frustrados e ridicularizados frente às suas famílias. Todos sabemos que quando falta dinheiro, tudo fica mais difícil e o estresse se torna mais presente.

Até hoje acredito no que aprendi em minha formação na S.B.P.J.: dinheiro é um valor subjetivo e arquetípico, ou seja, o homem gosta –desde os primórdios- de expor sua força, sua potência e suas qualidades através da caça, da lavoura farta, dos reinos conquistados... do dinheiro. Além disso, através do dinheiro você se representa existencialmente e emocionalmente. Você, literalmente, demonstra seu valor ao outro.

Em consultório, é muito comum que o paciente depressivo questione o preço do processo (mesmo tendo dinheiro de sobra para pagar). Isso acontece porque na cabeça dele “ele vale pouco”, está depreciado em seu valor. Como pode pensar em representar monetariamente como os outros se ele “vale tão pouco e, em seu íntimo, nem mesmo acredita que será curado”.

Esta obsessão por dinheiro e prestígio afeta diretamente o nível de entrega e satisfação sexual. Lembre-se que, para as questões profundamente emocionais, você vale pelo prazer e pelo quanto você consegue passar para o outro o quanto ele é importante e gratificante para você. Caso você faça isso, mesmo sem dinheiro, o seu valor será percebido. Pense bem e lembre-se que –provavelmente- esta pessoa ao seu lado se aproximou de você pelo seu humor, por tesão e, nesse tempo, vocês dividiam saquinho de pipoca e ‘enrolavam’ a noite toda com um refrigerante e uma cerveja quente na mesa para poderem ficar namorando. Percebeu como ela já amou você por seus encantos: esqueça o dinheiro e volte a ser encantador!

domingo, 22 de novembro de 2009

As perdas - a queda e a superação




Como qualquer outra atividade humana, no sexo nem sempre estamos cem por cento
abertos ou preparados para uma troca satisfatória. Várias causas de estresse são capazes de levar à disfunção sexual.

Nós geralmente temos uma grande dificuldade para lidar com as perdas, sejam estas de pessoas, objetos ou projetos não realizados... Lembro-me de uma professora no curso de Psicologia que insistia em nos alertar que deveríamos aprender a lidar com a frustração e a perda. Sei que este não é o aprendizado mais agradável do mundo e, quando filosofo estes temas com meus pacientes, alguns se defendem com pensamentos positivos sem fundamento, alegando que pensar sobre atrai negatividade... Infelizmente, o universo e a humanidade não nasceram para nos servir, portanto, temos sim que aprender a lidar com as inerentes e inevitáveis frustrações e perdas.

A perda produz um impacto chamado ‘dor psíquica’, cuja manifestação mais intensa se observa com a morte do cônjuge. Essa perda submete o indivíduo a um desolamento e a um sofrimento que beira o intolerável. Após alguns meses (em alguns casos, alguns anos) do luto imediato, pouco a pouco a vida vai ‘voltando ao normal’. A pessoa sente novamente interesse erótico por outras e tende a reiniciar sua vida e, por causa de feridas ainda não cicatrizadas, as falhas eréteis e ejaculatórias serão freqüentes e exigem paciência. Um bom aconselhamento psicológico ou espiritual produz grandes resultados.

Nem sempre as perdas são tão explícitas. Em determinados períodos da vida somos cobertos por aquelas “nuvenzinhas negras” que somente atraem negatividades. Já atendi diversos homens que começaram a manifestar disfunção erétil e não conseguiam saber porque. Lembro-me de um caso que, com as devidas distorções éticas, assim foi: Fazendo a indispensável anamnese descobrimos que há um ano e meio a esposa propôs divórcio. Três meses depois, fora promovido e teve que se mudar para uma capital há seiscentos quilômetros com a esposa. Dois meses depois ela engravidou e cessaram, momentaneamente, as discussões acerca do divorcio. Três meses antes de sua filhinha nascer sua mãe morreu de infarto (ele estava incomunicável e só soube do falecimento dias depois do sepultamento). Sua filha nasceu e seu relacionamento com a esposa voltou ao normal. Seis meses depois disso tudo este “herói” me procurou –encaminhado por um urologista- com um quadro de depressão e disfunção sexual. Ele não entendia porque agora que tudo estava tão bem, ele estava tão distante.

Expliquei que ele estava nesta ‘adrenalina matando um leão por dia’, estava heroicamente em pé superando e enfrentando grandes e dolorosos sofrimentos e, ao mesmo tempo, realizando grandes sonhos. Agora, podia relaxar e, tanto seu corpo quanto sua psique, estavam ‘traumatizados’ com todos estes acontecimentos positivos e negativos. Ele precisava elaborar tudo isso e pensar se continuava a valorar estas conquistas, se sua vida estava na direção que ele gostaria...


domingo, 8 de novembro de 2009

O PIC-NIC





Muitas vezes, o homem se sente tão pressionado e exigido ante a iminência de um encontro sexual, que se torna impossível compreender como, nessas circunstâncias tão desfavoráveis, pretende ter uma ereção, uma ejaculação e orgasmo.

Infelizmente, para alguns homens, o sexo é um torneio competitivo, em que se ganha ou perde. Ganha quando se consegue uma ereção forte e continuada e quando os orgasmos e as mulheres podem ser exibidos como troféus.

Você deve estar pensando que estou me referindo àqueles homens grosseirões, que, geralmente, aumentam em cinqüenta por cento o tamanho de seu pênis e aumentam em duzentos por cento o seu desempenho sexual. Estou falando do homem comum e a platéia são os valores e preconceitos os quais estão incorporados dentro de nós mesmos, desde pequenos. Quando o homem não tem ereção, como supõe que sua "platéia" interior manda ter, sente-se verdadeiramente atormentado e inferiorizado. Tenho um paciente que está com um grau elevadíssimo de ansiedade quanto à penetração. Ele e a esposa estão, passo-a-passo, empenhados nos exercícios de orientação sexual mas, quando vamos mudar de exercício, ele fica ‘branco de pavor’ e pergunta se não vai ter que tentar a penetração. O casal infelizmente demorou dois anos para procurar um médico e este encaminá-los para mim. Neste tempo instalou-se um verdadeiro pânico em meu paciente que está, pouco a pouco, se dissolvendo.

Não se vai para a cama com uma mulher para assistir a um espetáculo. E muito menos quando se é o protagonista! O papel de bom amante exige uma entrega quase total; não se pode ir para a cama pensando em problemas, ou pensando no juízo que fará a parceira. Uma vez ouvi numa palestra de um sexologista que o encontro sexual deveria ser um saudável pic-nic. Num pic-nic tudo é alegria: sem etiquetas inúteis, estende-se uma toalha por sobre o gramado e come-se com a mão, bebe-se em qualquer copo, mistura sabores, experimenta a liberdade e alegria do encontro descompromissado. Assim, resumiu o sexelogista, deveria ser o encontro sexual: um momento de descontração, diversão e descobertas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O leão fantasma - A angústia e as dificuldades sexuais





Temos a cada dia uma enormidade de desejos e influências que povoam a nossa mente e as nossas vontades. Geralmente o conflito entre desejar algo e não poder concretizá-Io ou consegui-Io produz um sinal de alerta chamado ansiedade ou angústia.

Muitas vezes, mesmo quando o perigo foi embora nós continuamos com o sinal de alerta ativado. Quem já foi assaltado ou sofreu uma batida de carro sabe muito bem disso. Ao menor sinal de semelhança do trauma, o corpo e a psique disparam um alerta de revivência do perigo. Vamos supor que você tenha ido ao zoológico e tenha corrido risco de morte por ter atravessado uma porta desavisadamente e quase fora devorado por um leão. Muito tempo depois de ter tido contato com o leão você poderá ter ataques de angústia. A sirene continua funcionando fora de tempo, não tem nada que ver com a situação atual. Quer dizer, não há leão, não há perigo evidente, e você sente angústia, como se o perigo estivesse ali, à sua frente.

Assim se dá mais da metade das disfunções sexuais por causa psicológica. Os sintomas mais comuns das crises de angústia ou ansiedade são as palpitações, as sufocações, os espasmos no abdome, as erupções na pele, os desmaios ou vertigens... Perceba o sofrimento e o desespero que este estado mental traz ao corpo e a psique, simulando uma enfermidade cardíaca, asma, ataques de apendicite, cólicas renais, urticárias graves ou psoríase e epilepsias ou enfermidades cerebrais. Toda esta experiência dolorosa leva, pouco a pouco ao estresse.

Estresse significa tensão, esforço. Uma pessoa submetida a uma tensão que exceda o nível tolerável tem seus sistemas defensivos rompidos. No campo da sexualidade uma coisa interessante é que as disfunções geralmente –por exemplo, os distúrbios da ejaculação e da ereção- não aparecem imediatamente após os problemas psíquicos. Só meses ou anos depois as disfunções aparecem. Por isso que, em atendimento psicoterápico, perguntamos como foram as primeiras experiências eróticas e sexuais para podermos mapear melhor a causa do distúrbio.

Tive um paciente no ano passado que sofria de ejaculação precoce e de uma crescente apatia erótica. Ele era casado há seis anos e não conseguia ter relações satisfatórias com a esposa há, pelo menos, quatro anos. Quando comecei a perguntar das parceiras anteriores ele não entendeu e, até mesmo, se irritou, achando que eu estivesse me desviando do problema. Como eu sou muito chato e persistente, insiste e descobri que a sua primeira namorada (com que namorou por cerca de doze meses) insistia que não tinha prazer nas relações sexuais com ele e que o seu ex-namorado, além de ter uma ‘pegada’ bem melhor, tinha um pênis maior e mais viril.

Meu paciente achava que estas “humilhações” haviam ficado no passado pois, desde então teve outras parceiras e sempre se sentiu ‘firme’. Entretanto, a sua esposa –há aproximadamente quatro anos- começou a questionar o casamento, a rotina e, obviamente, as relações sexuais, afirmando que ele não tinha mais a “mesma pegada” de quando namoravam. Não preciso continuar o detalhamento para que você perceba as semelhanças e as revivências neuróticas as quais ele estava se entregando. A elucidação de tais pontos e alguns exercícios de reaproximação erótica do casal foram suficientes pois, felizmente, eram ambos apaixonados.