Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Além-da-Mulher Nietzschiniana




Embora seja natural e necessário, cada vez mais julgar, avaliar, discriminar são termos pejorativos e denotativos de uma pessoa ‘pequena’, sem capacidade para engolfar as inúmeras possibilidades que a natureza e as milhares de culturas e tradições oferecem.

Em nossa sociedade ocidental, cristã, capitalista, consumista, imediatista e classificatória, ser uma pessoa decidida, impetuosa, arrojada, “saber o que quer”, “ir ao encontro do que deseja”, autoconfiante e determinada é, inequivocadamente, algo positivo.

Como psicoterapeuta, vejo este paradigma criando um enorme transtorno na geração de mulheres com menos de quarenta anos que, quando mais jovens batalharam, superaram preconceitos, se graduaram, investiram em suas carreiras e nos negócios: com tanta autoconfiança tornaram-se autosuficientes e, como mulheres adultas, infelizes.

Estamos numa crise de papéis para o feminino. Mais de um terço de minha agenda é ocupada por este tipo de mulher. Elas não se arrependem do que fizeram; mas não fariam de novo se soubessem que este seria o seu fim. Conseguiram se desprender da desgastada “Amélia”, entretanto, nada, não é um bom prêmio.

Elas não tiveram e, possivelmente, não terão filhos, netos, marido ou amantes. Tento consolá-las dizendo que, infelizmente, os homens não evoluíram na mesma proporção nas últimas décadas (quiçá nos últimos milênios). 

Os homens tentam mas, infelizmente, estas mulheres fortes e independentes são demais para eles. Eles vivem ainda nos modelos de submissão e resignação das gerações passadas. Acusam estas mulheres de egoísmo e de insensibilidade. Na verdade, este tipo de mulher fere a débil virilidade masculina que, por falta de inovação, depende a milênios de seu baluarte fálico como única forma de se impor.

Ao meu ver, são pioneiras. Se você é uma delas, aceite (no sentido fenomênico) aquilo que você mesma se impôs: seja independente, experimente situações e pessoas, realize sonhos e cultue esta condição que bilhões de mulheres não se permitem desfrutar. Não existe o certo ou o errado. Existe apenas o “papel social/existencial” que mais se assemelha às suas necessidades. Se você é uma pioneira busque além das fronteiras, novas formas de auto-realização e enxergue além do horizonte de possibilidades que lhe foram oferecidos, novos mundos.

- MARCELO BONACHELA