Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela

domingo, 22 de novembro de 2009

As perdas - a queda e a superação




Como qualquer outra atividade humana, no sexo nem sempre estamos cem por cento
abertos ou preparados para uma troca satisfatória. Várias causas de estresse são capazes de levar à disfunção sexual.

Nós geralmente temos uma grande dificuldade para lidar com as perdas, sejam estas de pessoas, objetos ou projetos não realizados... Lembro-me de uma professora no curso de Psicologia que insistia em nos alertar que deveríamos aprender a lidar com a frustração e a perda. Sei que este não é o aprendizado mais agradável do mundo e, quando filosofo estes temas com meus pacientes, alguns se defendem com pensamentos positivos sem fundamento, alegando que pensar sobre atrai negatividade... Infelizmente, o universo e a humanidade não nasceram para nos servir, portanto, temos sim que aprender a lidar com as inerentes e inevitáveis frustrações e perdas.

A perda produz um impacto chamado ‘dor psíquica’, cuja manifestação mais intensa se observa com a morte do cônjuge. Essa perda submete o indivíduo a um desolamento e a um sofrimento que beira o intolerável. Após alguns meses (em alguns casos, alguns anos) do luto imediato, pouco a pouco a vida vai ‘voltando ao normal’. A pessoa sente novamente interesse erótico por outras e tende a reiniciar sua vida e, por causa de feridas ainda não cicatrizadas, as falhas eréteis e ejaculatórias serão freqüentes e exigem paciência. Um bom aconselhamento psicológico ou espiritual produz grandes resultados.

Nem sempre as perdas são tão explícitas. Em determinados períodos da vida somos cobertos por aquelas “nuvenzinhas negras” que somente atraem negatividades. Já atendi diversos homens que começaram a manifestar disfunção erétil e não conseguiam saber porque. Lembro-me de um caso que, com as devidas distorções éticas, assim foi: Fazendo a indispensável anamnese descobrimos que há um ano e meio a esposa propôs divórcio. Três meses depois, fora promovido e teve que se mudar para uma capital há seiscentos quilômetros com a esposa. Dois meses depois ela engravidou e cessaram, momentaneamente, as discussões acerca do divorcio. Três meses antes de sua filhinha nascer sua mãe morreu de infarto (ele estava incomunicável e só soube do falecimento dias depois do sepultamento). Sua filha nasceu e seu relacionamento com a esposa voltou ao normal. Seis meses depois disso tudo este “herói” me procurou –encaminhado por um urologista- com um quadro de depressão e disfunção sexual. Ele não entendia porque agora que tudo estava tão bem, ele estava tão distante.

Expliquei que ele estava nesta ‘adrenalina matando um leão por dia’, estava heroicamente em pé superando e enfrentando grandes e dolorosos sofrimentos e, ao mesmo tempo, realizando grandes sonhos. Agora, podia relaxar e, tanto seu corpo quanto sua psique, estavam ‘traumatizados’ com todos estes acontecimentos positivos e negativos. Ele precisava elaborar tudo isso e pensar se continuava a valorar estas conquistas, se sua vida estava na direção que ele gostaria...