Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela

domingo, 30 de dezembro de 2012

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Máscaras sociais

A cada dia percebemos o quanto precisamos nos adaptar as necessidades externas: à moral, ao senso estético, às regras econômicas e religiosas... Difícil é saber o limite saudável para esta situação.   Sem perceber, muitos passam de gentis e “politicamente corretos” para hipócritas moralistas. Desta passagem ninguém está livre, justamente porque a pressão social é muito grande. 

Seja sincero, quantas e quantas vezes você sabe a sua vida está uma merda e, quando perguntado: “Olá, tudo bem?”, você nem respira e responde: “Tá tudo bem, graças a Deus” (você ainda consegue colocar Deus como cúmplice de sua mentira). Mentira é uma expressão muito ofensiva. Vamos mudá-la para “encenação”. Assim fica bem melhor, não é? Você não é um mentiroso, mas sim apenas uma pessoa que não deve expor a sua miséria existencial e a sua covardia frente às decisões, para não se tornar vulnerável e, assim, permitir que alguns “pisem em você”. 

Concordo que devamos ter uma proteção, uma carapaça de proteção contra ameaças. Jung disse que a persona (esta carapaça) é a tentativa de convencer aos outros e a nós mesmos daquilo que os outros pensam que somos e que nós mesmos sabemos que não somos, ou seja, a representação positiva ou negativa é sempre uma dissimulação de nossa verdadeira representação interna. Agora começamos a perceber que a ‘mentira social’ é, por vezes, benéfica para os outros e para si próprio. 

O aspecto positivo reside na condição de lucidez de “mentir” sem “ser mentiroso”, ou seja, como disse o poeta urbano: “Mentir prara si mesmo é sempre a maior mentira”. Enfim, lembre-se de que você está escolhendo aquele papel, está escolhendo aquela situação e que está escolhendo aquelas pessoas para dissimular, digo, se relacionar. Existem muitas portas para você abrir e infinitas portas para você fechar e começar a ser mais autêntico consigo e com o mundo. 

Boa sorte!

- Marcelo Bonachela

domingo, 27 de maio de 2012

Introvertido: O esquisito social

Nosso mundo ocidental preconiza a extroversão. Somos encorajados a expor nosso potencial. Somos direcionados em nossas carreiras para crescermos, para nos tornarmos ilustres, lideres e referência no assunto. 

Em nossa vida emocional, na juventude, somos livres para desfrutarmos da vida, buscamos amores e experiências (lícitas e ilícitas) que alargam horizontes e nos permitem aceitar a idéia de que a vida deve ser gozada aproveitando cada segundo e cada encontro novo. 

Acredito que este seja um belo modo de ver o mundo, entretanto não é para todos e é destes que me ocupo neste momento. Os introvertidos são hesitantes, são temerosos e desconfiados. Não possuem esta alegria toda e muito menos a vontade para se entregarem a tantas experiências externas.

Sempre comento com os meus pacientes que o lema de um introvertido é: “Quanto menos, mais!”. Sim, o introvertido não anseia por tantos encontros e tantas descobertas. Estas são vistas como ameaçadoras. Causam angústia, pois será necessário utilizar recursos dos quais não dispõem. 

Infelizmente, a pasteurização social trata estes “tímidos” como depressivos, inseguros, fracos e medrosos. Isso é um absurdo, pois parte-se do princípio metafísico de que interagir ininterruptamente é saudável. Digo aos meus introvertidos que nosso único problema é que nascemos no lado errado do mundo. No Oriente clássico o introvertido, o cauteloso, o comedido, o de “poucas palavras” é sábio. O recolhimento é prestigiado como indicador de equilíbrio e sabedoria. 

Portanto, caro “esquisito”, aprenda que o seu mundo interior é imensamente rico e que aqueles que sempre vencem e conquistam as melhores coisas da vida, nem sempre possuem a profundeza e a sensibilidade para perceber as riquezas que possuem. Não que os extrovertidos estejam errados; eles são apenas um lado da moeda (lembre-se que para você, nem a moeda importa). 

Mesmo assim, planeje, proteja-se e faça pequenas saídas de sua concha. Apenas busque aceitar que as algumas coisas externas são boas e você pode interagir, mas, sempre mantendo a sua certeza de que nada externo é essencial. Acrescente um pouco de sensações à sua vida (apenas para provar um pouco do que tem do outro lado do muro), mesmo sabendo que nada externo é tão rico e intenso quanto o que existe no seu mundo interior.

- Marcelo Bonachela

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ame-se




A experiência afetiva está intimamente ligada à crença de felicidade e realização. Quando uma pessoa não está apaixonada, envolvida por alguém, acredita que sua vida está ‘sem graça’.


Quantas vezes ouvimos a expressão: “A paixão dá um colorido à vida”. Esta crença serve apenas para depreciar a existência e, mais uma vez, depositar no objeto externo toda a expectativa de realização interna de uma pessoa.
Não, eu não estou pregando o narcisismo. Aliás, narcisismo é acreditar que o mundo precisa amá-lo e satisfazê-lo; narcisismo é necessitar que um Eco balbucie incessantemente o seu nome. O ególatra é imaturo, por isso projeta no mundo as suas carências.

Estar apaixonado é bom. Sentir prazer e alegria por estar envolvido numa história de amor é maravilhoso. Apreciar lugares e sensações com alguém especial é mágico. O problema do amor é a “vala comum” que todos se condicionam. Conheci, ao longo de vinte anos como terapeuta, centenas de pessoas que eram plenamente felizes com os amigos, com os familiares, com os inúmeros casos e namorados, enfim, existem pessoas que vivem felizes na multiplicidade, no dinamismo... na extroversão no sentido mais pleno do pensamento junguiano.

Pense bem, sem alguém para amar, “você se torna cinza”, “sem graça”. “Uma pessoa que trabalha e vive sem tesão”. QUANTA FALTA DE AMOR PRÓPRIO! Reaja a este modo infantil e carente de ver a vida. Você deveria ser sua fonte primária de prazer. Lembre-se: “Você vê cada passo de sua própria existência”.
Admire-se, valorize-se, envolva-se por suas cores próprias. 

- MARCELO BONACHELA

quinta-feira, 22 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Medo e Insegurança





Muitos psicólogos e demais pesquisadores buscam esquadrinhar elementos essenciais à psique humana. Depois de vinte anos como psicoterapeuta, percebo que as duas maiores características das pessoas que apoiei são o medo e a insegurança.

Percebo que estas disposições permitem grande condição de manipulação dos que estão ao redor do medroso ou do inseguro. Estes sempre ganham com a sua neurose, pois, mesmo que não consigam realizar seus desejos, conseguirão sabotar e chantagear aqueles que estão ao seu redor.

Claro que alguns dos inseguros e medrosos possuem uma “falta de participação no mundo” severa. Estes não conseguem superar as deficiências por não se sentirem suficientemente existentes. O que caracteriza estas mentes é uma enorme sensação de vazio (muitos de meus pacientes se referiram a este estado como se fossem um fantoche, não um ser humano).

Mas, voltando aos manipuladores, estes estão sempre se vitimizando, sempre apontando o dedo para os pais, o marido, a esposa, enfim, sempre estão culpando o caos do mundo ou a falta de sinceridade das pessoas. Os medrosos e inseguros não conseguem perceber que não lhes falta a coragem e a determinação dos vencedores; falta-lhes sim, a percepção de que escolheram o modo mais desgastante de se adaptarem à vida.

Não enxergam que, mesmo com algumas limitações, as superações deveriam ocorrer naturalmente se eles se dispusessem a sair de suas bolhas protetoras que, ao mesmo tempo, são paradoxalmente aprisionantes.

- MARCELO BONACHELA

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Resgate




A vida nos oferece um sem-número de limões ao longo de nossa existência. Obviamente, me considero uma pessoa que acredita que devemos andar sempre com gelo, açúcar, e aquela ‘água que passarinho não bebe’. Por mais adversidades que tenhamos que enfrentar vez por outra, a contabilidade parece mais favorável ao positivo.

Por nem sempre estarmos rodeados de pessoas e situações positivas, criamos uma auto-concepção depreciativa. Começamos a enxergar mais os nossos defeitos do que nossas virtudes. Sentimos uma sensação de que não estamos à altura do que o mundo impõe: não tão bem de corpo, não nos preparamos tanto para o mercado de trabalho, etc.

Esta negatividade é alimentada pela ingênua idéia de acreditar no discurso dos outros. A armadilha está na sua exclusividade de saber que o que você está dizendo é mentira. Perceba como muitos caem na sua representação e acham você uma pessoa forte e realizada, estável e muito mais segura do que elas. 
Portanto, lembre-se de que assim como você, todos são dissimulados e colorem aspectos da vida que são bem cinzentos. Todos fingem grandes realizações quando estão experimentando internamente grandes maldições. Como diria o pensador com olhos de águia: ‘De perto, ninguém é normal’.

Resgate a sua dignidade e alimente sua auto-estima com as realizações de seu dia a dia. Comece a valorizar cada ato positivo (atitudes que trazem crescimento para você e para a humanidade). Resgate a certeza absurda e arrogante da juventude. Permita que a dúvida dê lugar à vontade de crescer e realizar sonhos que farão de você uma pessoa mais inteira.

- MARCELO BONACHELA