Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela

domingo, 27 de maio de 2012

Introvertido: O esquisito social

Nosso mundo ocidental preconiza a extroversão. Somos encorajados a expor nosso potencial. Somos direcionados em nossas carreiras para crescermos, para nos tornarmos ilustres, lideres e referência no assunto. 

Em nossa vida emocional, na juventude, somos livres para desfrutarmos da vida, buscamos amores e experiências (lícitas e ilícitas) que alargam horizontes e nos permitem aceitar a idéia de que a vida deve ser gozada aproveitando cada segundo e cada encontro novo. 

Acredito que este seja um belo modo de ver o mundo, entretanto não é para todos e é destes que me ocupo neste momento. Os introvertidos são hesitantes, são temerosos e desconfiados. Não possuem esta alegria toda e muito menos a vontade para se entregarem a tantas experiências externas.

Sempre comento com os meus pacientes que o lema de um introvertido é: “Quanto menos, mais!”. Sim, o introvertido não anseia por tantos encontros e tantas descobertas. Estas são vistas como ameaçadoras. Causam angústia, pois será necessário utilizar recursos dos quais não dispõem. 

Infelizmente, a pasteurização social trata estes “tímidos” como depressivos, inseguros, fracos e medrosos. Isso é um absurdo, pois parte-se do princípio metafísico de que interagir ininterruptamente é saudável. Digo aos meus introvertidos que nosso único problema é que nascemos no lado errado do mundo. No Oriente clássico o introvertido, o cauteloso, o comedido, o de “poucas palavras” é sábio. O recolhimento é prestigiado como indicador de equilíbrio e sabedoria. 

Portanto, caro “esquisito”, aprenda que o seu mundo interior é imensamente rico e que aqueles que sempre vencem e conquistam as melhores coisas da vida, nem sempre possuem a profundeza e a sensibilidade para perceber as riquezas que possuem. Não que os extrovertidos estejam errados; eles são apenas um lado da moeda (lembre-se que para você, nem a moeda importa). 

Mesmo assim, planeje, proteja-se e faça pequenas saídas de sua concha. Apenas busque aceitar que as algumas coisas externas são boas e você pode interagir, mas, sempre mantendo a sua certeza de que nada externo é essencial. Acrescente um pouco de sensações à sua vida (apenas para provar um pouco do que tem do outro lado do muro), mesmo sabendo que nada externo é tão rico e intenso quanto o que existe no seu mundo interior.

- Marcelo Bonachela

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