O silêncio nos remete a um agudo sentimento de ausência de perturbação da alma ou a um irresgatável sentimento de solidão. Neste estado, nossos pensamentos, literalmente, se materializam. No silêncio de nossas mentes podemos perceber os cheiros, os sons, as formas do pensamento.
No silêncio a realidade concreta empobrece e surge, desveladora, a extravagante realidade de nossos pensamentos. No mundo das ideias, a memória e a imaginação são a base concreta de uma realidade que antecede o mundo das coisas.
A memória nos fornece as ilusões e as dissimulações fundamentais para a nossa auto-concepção. A imaginação nos liberta do mundo newtoniano e nos lança além dos quatro limitantes elementos e precários quatro pontos.
A mente, fortalecida por sua imperiosa presença criativa, desqualifica o mundo externo e sentencia o silencioso prisioneiro, a uma afonia escandalosa, posto que, todos os ouvem, mas ninguém consegue compartilhar de seus obscuros e ininteligíveis planos.
Desta feita, caro amigo que reluta em se aventurar como um Narciso preso à maldição de sua exuberância, acredite que, querendo ou não, aceitando ou não, o mundo externo é o nosso verdadeiro mundo de realizações e esperanças.
Mergulhe no mundo das ideias (apenas por poucos instantes) para trazer para a realidade externa os conteúdos de sua memória e de sua imaginação, pois estes, transformarão sua vida e vivificarão sua voz.
- Marcelo Bonachela