Temos em cada instante de nossas vidas, a árdua tarefa de distinguir as coisas e as pessoas, os pensamentos e os sentimentos. No imediato instante da escolha, acreditamos conseguir o melhor posicionamento; julgamos como eficiente a nossa idéia, e , se nos resta alguma dúvida, atribuímos à incerteza da nossa ainda limitada compreensão das coisas, afinal das contas, ‘ninguém nasce sabendo’.
Como pode ser possível a responsabilidade de nossas ações e julgamentos se somos em todo o tempo de vida incompletos? Devemos perceber que esta incompletude está intimamente ligada a uma enorme completude, ou seja, existe em nossa vida um número finitamente gigantesco de certezas.
Nossas inclinações por vezes corrompem a nossa certeza interior. Em muitos, os sentimentos profundos, bem como as tendências da própria alma vão sendo negadas por muito tempo, isso faz com que as pessoas vejam como estranhas algumas emoções que surgem, simplesmente por não serem compatíveis com as convenções ou por não estarem de acordo com aquilo que a própria pessoa racionalmente acredita ser justificável.
Podemos inverter nossa escala de valores e determinar que o número finito de certezas que possuímos é, na maioria das vezes, suficiente para enxergarmos o mundo e resolvermos quais os posicionamentos mais adequados.
Precisamos deixar de lado essa tendência de nos imaginarmos pequenos e insignificantes em relação às coisas, posto que, no tocante às nossas vidas, podemos e devemos ser gigantescos, pois as nossas atenções são as verdadeiras construtoras da realidade que nos cerca.
Necessitamos viver mais o presente, visto que uma vida feita em função do futuro é uma vida inquieta. Devemos projetar o presente no futuro e construir dia a dia este futuro. É apenas a ‘ocupação’ com o presente que justifica a ‘preocupação’ com o futuro.
Somos seres racionais. Possuímos a capacidade consciente de julgar o mundo que nos cerca e a nós mesmos. Devemos exercitar esta excepcional exclusividade humana. Não podemos nos curvar a esta tendência atual de desclarificar o juízo, uma vez que, abdicando da capacidade de julgar, você julga a si mesmo impotente, incapaz para estabelecer o juízo adequado.
Valorize-se, julgue corretamente, pensando e sentindo aquilo que cala em seu coração. Utilize-se das finitas e suficientes certezas existentes em sua vida e julgue. Caso julgue insuficientes as suas certezas, busque mais conhecimento. Vá ao encontro da finita verdade a qual permitirá o seu julgamento. Apenas não permita mais que o outro decida e avalie por você. Desde que esteja disposto a investir sua atenção, você é humanamente capaz de julgar, atribuir valor às coisas e às pessoas. Julgue e seja feliz.
- MARCELO BONACHELA
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