Blog com textos do psicólogo junguiano Marcelo Bonachela. Obrigado por sua visita, deixe seu comentário!
Clipe Within, Without You - Criado por Marcelo Bonachela
domingo, 25 de outubro de 2009
Sexualidade e Afetividade
Estamos inaugurando uma série de debates acerca da sexualidade e afetividade humana. Iniciaremos com as questões masculinas por estas serem, ao meu ver, mais desencadeantes de distúrbios afetivos nos relacionamentos. Isso se deve às pressões quanto ao desempenho ‘infalível’ do binômio ereção/ejaculação e pelas dificuldades masculinas para se entregar verdadeira e exclusivamente a um amor, a uma paixão.
Na maioria dos casos, o temor, o medo e a ansiedade são as causas, em nível psicológico, da ejaculação precoce e das dificuldades de ereção. A maioria dos meus pacientes perseguem uma causa orgânica juntos aos médicos para que, assim, não sejam os responsáveis diretos por suas dificuldades. Por quê? O homem prefere imaginar que seus vasos ou algum hormônio estejam deficientes do que ter que acreditar que, por algum motivo próprio, ele é responsável por seus problemas.
A experiência sexual está intimamente ligada às emoções. E, entre as emoções experimentadas durante o encontro sexual, geralmente não se destacam o prazer, o gozo da companhia e a alegria com o companheiro ou companheira a quem se ama; pelo contrário, as emoções que se expõem primeiro são a vergonha, o temor irracional e a culpa. Essas emoções se tornam obstáculos difíceis de superar.
Um problema muito comum entre os homens é o medo de ser repudiado, que se inicia muito antes de se chegar ao ato sexual. Quando esses homens chegam ao ato sexual, não estão relaxados; estão preocupados com o que acontecerá, estão preocupados com o seu desempenho. O resultado será uma perda de espontaneidade, uma carência de prazer e, por fim, um déficit certo na qualidade da ereção, confirmando-se, desse modo, a antecipação do paciente: "Fracassei!". Muitos pacientes temem ser repudiados se não tiverem uma ereção rapidamente. Além do desconforto sexual do momento, esta inadequação abre uma ‘janela mórbida’ para que toda a insegurança e dúvida de seu desempenho permita que o homem experimente outras mulheres a fim de legitimar a sua virilidade, abrindo assim, caminho negativo para a traição e insatisfação afetiva.
O mito de estar ‘pronto de cara’ é um mito absurdo. O homem sente a obrigação de já demonstrar algum ‘interesse’, algum grau de rigidez assim que se expõe para a parceira e, como sabemos, geralmente a parceira quando vê que o homem está em completa flacidez já pensa: “Ih, desse mato não vai sair coelho”. Uma dica: a mulher tem que se sentir bem com esta flacidez inicial pois, assim, poderá trocar mais carinho e demonstrar para o parceiro que ele não é apenas uma prodigiosa ereção, mas antes, um agradável encontro afetivo/erótico.
Você percebe como ambos estão ansiosos, tensos e agindo contra o próprio propósito do encontro: o prazer e a alegria. O homem precisa se perceber um todo erótico para a parceira e, a mulher, precisa aprender a não jogar contra ela própria e deixar o homem mais calmo e mais carinhoso.
Até o próximo post,
Marcelo Bonachela